Prof. Gláucio Moro
ghmoro@gmail.com
É bom lembrar sempre que imagem é luz. Do ponto de vista físico, a imagem não é o objeto, mas a luz que ele reflete. Não por outra razão a origem da palavra fotografia, que vem do grego, significa “escrever com a luz” (Foto é luz e grafia é escrita). Portanto, um dos grandes segredos da imagem é uma boa iluminação, que valorize o objeto principal e a ambientação necessária à cena, incluindo a profundidade de campo.
Um dos maiores problemas de quem começa a trabalhar com imagem é o contraluz, que merece atenção especial. É quando a imagem em primeiro plano fica escura, porque ao fundo ou mesmo ao lado, entra uma luz concorrendo com a que incide sobre o objeto, deixando a imagem inservível para o vídeo, a não ser que seja proposital.
Se deve dar para evitar esse problema, especialmente para iniciantes na produção da imagem, é observar muito bem a cena que se pretende gravar. A luz principal deve estar favorável à câmera, jamais atrás do objeto. Cuidado, portanto, com janela, luz, parede branca, área ensolarada ao fundo etc.
O preceito básico de luzes para um set é começa com a estruturação da iluminação de três pontos. Ela é a base para iluminação de telejornal, por exemplo. No caso de estúdio, ela é composta por três refletores, cada qual com função própria: a key light ou luz-chave ou ainda luz principal, a fill light ou luz de preenchimento ou ainda luz rebatedora e a backlight ou contraluz.
A key light é a luz principal do personagem e tem a função é dar o foco principal da iluminação comparando-se à luz gerada pelo sol, ou então aquela que a cena exige, de acordo com o diretor. Ela é direcionada ao personagem a partir do ponto onde se encontra a câmera. No telejornalismo ela é posicionada sobre a câmera. Numa produção de vídeo, ela pode ser posicionada um pouco à esquerda ou à direita da câmera que fará o take, segundo o que pede a cena e exige o diretor.
A fill light deve ser uma luz mais suave, apenas para atenuar as sombras, geralmente muito definidas, geradas pela luz principal. Portanto, ela deve ser posicionada no lado oposto à incidência da key light. Veja bem, a sombra é importante na imagem, mas sempre que ela seja suave, colaborando na revelação da imagem. A não ser, claro, que o objetivo seja criar uma cena de luz e sombra.
No caso de gravações externas para o telejornalismo, a fill light é normalmente substituída por um rebatedor de luz. Existem equipamentos especiais para essa finalidade, mas uma folha de isopor costuma dar conta do recado. Rebatedores especiais também são muito usados em gravações de imagens para vídeo, quando feitas fora de estúdio.
A backlight é uma luz que vem de trás do ator ou do apresentador, mas posicionada mais ao alto, para não incidir contra a câmera que faz a tomada, o que a levaria a concorrer com a key light. Ela serve para enfatizar o ator ou apresentador, destacando o cabelo e os ombros, realçando a imagem principal, proporcionando a sensação de volume nas formas do corpo e gerando a noção de distância entre o personagem e o fundo.
A backlight tem ainda a função de destacar a profundidade de campo, valorizando a imagem em segundo plano. Como a televisão é um aparelho que apresenta imagens em tela bidimensional, uma boa luz de fundo pode dar uma sensação de tridimensionalidade na imagem, na forma como o olho humano vê. Observe este exemplo: uma pessoa está cozinhando e, ao fundo, vê-se o fogão ligado com panelas. Uma luz tênue, colocada sobre o fogão, vai valorizar o ambiente, dando maior movimento à cena, ao mesmo tempo em que funciona como contraluz ao cozinheiro.
1 - Key light de B
2 - Key light de A
3 - Backlight de A e Fill light de B
4 - Backlight de B e Fill light de A