O Papel do Narrador

Prof. Gláucio Moro
ghmoro@gmail.com

O narrador?

Quem é o narrador de uma história? Para que serve uma narração e qual o intuíto disso em uma história que está sendo contada?

Muitas vezes notamos que uma voz nos guia dentro de uma história, mas entender a compreensão de os níveis dela é algo que vem de um estudo mais aprofundado, um campo que é conhecido como narratologia.

O narrador?

Qualquer história designa um processo de narrativa em qualquer modo em que ela esteja inserida. Segundo Bal(1997, p.5), a narratologia é a ciência que procura formular as teorias entre texto narrativo, narrativa e história.

Assim, procura-se estudar neste aspecto a forma em que os códigos podem estruturar formas de narrar. Bal (1997, p.730) vai afirmar que a “narratologia pode ser utilizada em outros objetos além de textos narrativos, assim como textos narrativos podem as vezes ser melhor abordados por outros métodos que não o narratológico”, ou seja a narrativa não está só presentes dentro de elementos de compreensão escritos, como um livro, por exemplo.

O Narrador?

Traçando um ponto de partida do pensamento narrativo, podemos tomar Platão e seus conceitos de mimesis e diegesis. Platão em República, livro III, coloca toda a poética descrita em duas divisões: A imimesis, que seria a imitação propriamente dita e a diegesis, que seria narrativa simplificada.

Segundo Bittencourt (1999, p.108), “toda a elocução poética divide-se teoricamente em imitação propriamente dita (mimesis) e simples narrativa (diegesis), no primeiro caso, o poeta cede a palavra aos personagens, e no segundo, ele fala em seu próprio nome.”

O Narrador?

Assim, alguns pontos de discussão entre os gêneros dramáticos e narrativos ficaram mais voga de discussão.

Tipos de narrativa

  • Toda narração sugere um ponto de vista criado para a história.
  • Onisciente – Que conhece toda a situação, possui todo o entendimento da história. O narrador onisciente pode ser um Deus, ou apenas ter em mãos o fato da história de um personagem, por exemplo.
  • Participante – Que participa da narrativa com o personagem - Pode narrar em primeira pessoa ou se apenas alguém que observa.
  • Oculto – Quando não está presente de fato no enredo

Onisciente:

Participante

Oculto

Modo Narrativo

  • Dramático – Composto por meio de uma interpretação dramática.
  • Épico – Vem em uma sequencia de ocorrências .
  • Lírico – Composto em uma sequência musical.

Modo Narrativo - Linha Dramática

  • Premissa – No que se baseia.
  • Ação Desmedida - ação que se prova errada.
  • Peripécia - mudança do rumo do personagem.
  • Reviravolta – Twist na história.
  • Clímax – Ponto alto, tensão climax, catarse.

Jornada do Herói

de Joseph Campbell presente na obra O Herói de Mil Faces de 1949. Também chamado de monomito, a teoria traz um conceito de narratologia presente em diversas histórias do ser humano de várias tempos e culturas diferentes.

Jornada do Herói

  • Mundo – o mundo da história começar.
  • O Chamado – O problema que o herói enfrenta e precisa resolver
  • A recusa- A negação de partir para a aventura.
  • O mentor – O mestre que o treina e o conduz para a aventura.
  • O cruzamento– Saída da zona de conforto para a aventura.
  • A provação – Problemas para o herói e o encontro de aliados.
  • Aproximação – A Vitória das provações.
  • O trauma- Grande crise da aventura, de vida ou morte.
  • Recompensa – Enfrentamento da morte e a recompensa (elixir).

  • A volta - o retorno para o seu mundo.
  • A ressurreição - Outro teste de morte, uso do que foi aprendido
  • O regresso - Volta para casa, "elixir", e o usa para ajudar todos.

A jornada do Herói

A jornada do Herói

Vladimir Propp - Morfologia dos contos de fadas - 1928

  • DISTANCIAMENTO: um componente da família deixa o lar - apresentação do Herói;
  • PROIBIÇÃO: uma interdição é feita ao Herói;
  • INFRAÇÃO: a interdição é quebrada (o Vilão entra na história);
  • INVESTIGAÇÃO: o Vilão faz uma tentativa de aproximação;
  • DELAÇÃO: o Vilão consegue informação sobre a vítima;
  • ARMADILHA: o Vilão tenta enganar a vítima para tomar posse dela ou de seus pertences (ou seus filhos); o Vilão está traiçoeiramente disfarçado para tentar ganhar confiança;

  • CONIVÊNCIA: a vítima deixa-se enganar e acaba ajudando o inimigo involuntariamente;
  • CULPA: o Vilão causa algum mal a um membro da família do Herói; alternativamente, um membro da família deseja ou sente falta de algo (poção mágica, etc.);
  • MEDIAÇÃO: o infortúnio ou a falta chegam ao conhecimento do Herói (ele é enviado a algum lugar, ouve pedidos de ajuda, etc.);
  • CONSENSO/CASTIGO: o Herói recebe uma sanção ou punição;
  • PARTIDA DO HERÓI: o Herói sai de casa;
  • SUBMISSÃO/PROVAÇÃO: o Herói é testado pelo Ajudante, preparado para seu aprendizado ou para receber a magia;
  • REAÇÃO: o Herói reage ao teste (falha/passa, realiza algum feito, etc.);

  • FORNECIMENTO DE MAGIA: o Herói adquire magia ou poderes mágicos;
  • TRANSFERÊNCIA: o Herói é transferido ou levado para perto do objeto de sua busca;
  • CONFRONTO: o Herói e o Vilão se enfrentam em combate direto;
  • HERÓI ASSINALADO: ganha uma cicatriz, ou marca, ou ferimento;
  • VITÓRIA sobre o Antagonista;
  • REMOÇÃO DO CASTIGO/CULPA: o infortúnio que o Vilão tinha provocado é desfeito;
  • RETORNO DO HERÓI: (a maior parte da narrativas termina aqui, mas Propp identifica uma possível continuação)

Referência

  • BITTENCOURT, G. N. S. . O ato de narrar e as teorias do ponto de vista. Cerrados (UnB), Brasília, v. 8, n. 9, p. 107-124, 1999.
  • BAL, Mieke. Narration et focalisation. Poétique, Paris, n‘J 29, Seuil, p. 107-127, 1977.
  • BAL, Mieke . Narratology. Introduction to the Theory o f Narrative. Toronto, Buffalo, London: University of Toronto Press, 1985.
  • CAMPBELL, Joseph, A Jornada do Herói, Àgora, 2004
  • VLADIMIR, Propp - Morfologia dos contos de fadas - 1928