Videoarte

Prof. Gláucio Moro
ghmoro@gmail.com

A Arte do Vídeo

Arlindo Machado - 17'11"

Videoarte

Vamos tratar exclusivamente a palavra arte nessa aula como sinônimo de "processo crítico", única e exclusivamente para fins didáticos.

E a palavra vídeo como elemento de recurso audiovisual de interferência, ou recurso de imagem em movimento disponível.

Videoarte

Para que possamos entender o que é o vídeo e a imagem de TV, precisamos entender que ela é diferente do cinema (todo esse discurso antes do digital, ok, pessoal?) a imagem de TV é escrita por linhas de resolução. Ela é recortada como uma linha, 525 no Pal-M antigo e se reconstrói quando chega na tela. Assim, a televisão é o primeiro meio que registra o movimento enquanto o cinema é uma projeção de slides em alta velocidade.

A TV decompõe o movimento em linhas e reconstitui o movimento novamente ao vivo. O cinema não.

Videoarte

Mas antes...As primeiras formas de observação do vídeo como experimentação vem desde os primórdios.

Videoarte

Videoarte

Porém, a partir da década de 60, o cinema torna-se altamente custoso para produzir, (a película e o nitrato de prata, as pré-produções) entrando em grandes esteiras de produção com a hegemonia tecnológica do cinema hollywoodiano, que nem sempre (e até hoje) entregam um bom filme, mas o fazem com a melhor tecnologia disponível, em grande parte das vezes.

Videoarte

Observando esses conceitos onde o cinema se tornou exclusivamente um produto de difícil produção, com a TV criando e decompondo imagens instantâneamente, aliado a algumas novas tecnologias de gravação acessíveis é que a partir dos anos 60 surgem alguns filmmakers passar a usar o video como meio de experimentação. Muitos dos movimentos que conhecemos hoje, como a Nouvelle Vague, por exemplo, vieram da construção de uma linguagem filmica por meio de uma maneira barata de fazer filmes, se opondo as grandes industrias fílmicas existentes.

Videoarte

No Brasil, o Cinema Novo (1960) e o Cinema Marginal (1968) e a Boca do Lixo (polo de produção), não tinham absolutamente nada de orçamento e muito de crítica social e combate ao pensamento da ditadura e ao conservadorismo.

Videoarte


Videoarte

Continuo realizando um cinema subdesenvolvido por condição e vocação, bárbaro e nosso, anticulturalista, buscando aquilo que o povo brasileiro espera de nós desde o tempo da chanchada: fazer do cinema brasileiro o pior do mundo. (Rogério Sganzerla - Jornal do Brasil - 1970)

Videoarte


Película vs Magnético

Videoarte

Antes, os filmes apenas tinham películas, o que tornava tudo custoso demais. Para montar um filme era necessário comprar a película, captar as imagens, revelar o filme em laboratório e ainda montar manualmente. As fitas magnéticas foram as responsáveis por esse tipo de gravação, edição e montagem na mesma hora.

Videoarte

Antes, os filmes apenas tinham películas, o que tornava tudo custoso demais. Para montar um filme era necessário comprar a película, captar as imagens, revelar o filme em laboratório e ainda montar manualmente. As fitas magnéticas foram as responsáveis por esse tipo de gravação, edição e montagem na mesma hora.

Videoarte

E esse aparelho foi a Portapak.

Videoarte

O cinema ignorava essa tecnologia, pois a qualidade era muito baixa. Mas videomakers de todo o mundo puderam ter em mãos um aparelho que além de portátil, podia ser manuseado por uma pessoa e era relativamente barato.

Videoarte

Foi assim que um jovem Sul Coreano que foi morar em um Japão e dedpois Alemanha. Incialmente usou a Televisão como força experimental, depois as fitas magnéticas e a portabilidade de gravação com experimentação.

Videoarte

Exposition of Music-Electronic Television

Videoarte

Nam June Paik : Zen for TV, 1963 (Executed 1981) at MoMA

Videoarte

Nam June Paik Beatles Electronique

Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Videoarte


Mas afinal...

Videoarte é: - O vídeo + crítica + intervenção + Suporte
1 - vídeo é a imagem em movimento.
2 - crítica é a consciência crítica.
3 - Intervenção é o lugar onde se vai além da câmera.
4 - suporte é onde você vai exibir isso.


A TV não está na TV.


vídeo, cinema e TV são linguagens, não aparelhos.


A filosofia da "caixa preta" de Vilém Flusser é baseada na ideia de que a sociedade contemporânea está cada vez mais dominada por dispositivos técnicos que se tornaram caixas pretas. Essas caixas pretas são sistemas complexos e opacos, cujo funcionamento interno não é visível ou compreensível para a maioria das pessoas. Flusser argumenta que essas caixas pretas, como computadores, smartphones e outros dispositivos tecnológicos, exercem um poder significativo sobre a sociedade, influenciando nosso pensamento, comportamento e percepção do mundo. No entanto, a maioria das pessoas é apenas usuária desses dispositivos, sem conhecimento detalhado sobre como eles funcionam.


Segundo Flusser, a opacidade dessas caixas pretas cria uma dependência das tecnologias e um distanciamento em relação ao conhecimento e controle sobre elas. Ele argumenta que é necessário desenvolver uma "consciência crítica" em relação às caixas pretas, ou seja, questionar e compreender os sistemas técnicos que nos cercam, a fim de evitar uma submissão acrítica a eles. Flusser também ressalta a importância de uma "filosofia do diálogo" como meio de se relacionar com as caixas pretas. Em vez de uma abordagem passiva e consumista, ele propõe que as pessoas se envolvam ativamente no diálogo com as tecnologias, buscando entender seus propósitos e implicações, e contribuindo para moldar seu desenvolvimento futuro.


Em suma, a filosofia da caixa preta de Flusser enfatiza a necessidade de questionar e compreender as tecnologias que nos cercam, para evitar uma submissão acrítica a elas e promover um engajamento ativo e consciente com essas ferramentas. Ao adotar uma postura intervencionista, Flusser encoraja a participação ativa na construção e no desenvolvimento das tecnologias. Ele argumenta que, ao nos envolvermos no processo de criação e modificação das caixas pretas, podemos ter mais controle sobre os impactos sociais, políticos e culturais dessas tecnologias.

Referência

  • FLUSSER,Vilém A Filosofia da Caixa Preta Zahar - 1985.
  • MACHADO,Arlindo Made in Brasil - 3 décadas do vídeo brasileiro Ed. Itau: São Paulo. 2003.
  • MACHADO,Arlindo A Televisão Levada a Sério 2000.
  • MACHADO,Arlindo Arte e Mídia 2007.
  • MACHADO,Arlindo A Arte do Vídeo 1988.